Cruzamentos

quarta-feira, março 14, 2007

Espaço, tempo e cinema: hoje, no Ar.Co (21.30h)


Edwin S. Porter, The Great Train Robbery (3ª parte), Edison Manufacturing Company (1903), The Library of Congress

Antes de querer ser cubista, ou cubo-futurista, ou pictórica "abstracção" em movimento, o cinema foi pioneiro (e gerador) da manifestação de uma nova relação da civilização industrial com o espaço e o tempo: entre as mais marcantes invenções está a exploração da montagem, capaz de pôr em sequência tempos síncronos, multiplicando, perante o espectador, um momento numa pluralidade de momentos - ou, ao contrário, eliminando, numa elipse, os momentos não necessários à compreensão da narrativa.

Noi viviamo già nell'assoluto, poiche abbiamo già creata l'eterna velocità onnipresente.
(Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), Manifesto del Futurismo, "Le Figaro", 20 de Fevereiro de 1909)

Antes de The Birth of a Nation (1915), de Griffith (1875-1948), do cinema (La Roue (1923), Napoléon (1927)) de Abel Gance (1889-1981) e da teorização de Eisenstein (1898-1948), já a construção da narrativa, especialmente do suspense, pela montagem, no cinema de grande público de Edwin S. Porter (1870-1941), complexificava a relação entre espaço(s) e tempo(s), fragmento e totalidade.

Os "efeitos especiais", pelo menos desde Méliès (1861-1938), manipulavam e alteravam o visível quotidiano - e todas as novidades fotográficas e cinematográficas, da macrofotografia à "câmara lenta", ofereciam uma visão nova (e mecânica) do mundo.

By close-ups of the things around us, by focusing on hidden details of familiar objects, by exploring common place milieus under the ingenious guidance of the camera, the film, on the one hand, extends our comprehension of the necessities which rule our lives; on the other hand, it manages to assure us of an immense and unexpected field of action.
(Walter Benjamin (1892-1940), Das Kunstwerk im Zeitalter Seiner Technischen Reproduzierbarkeit (1936), em tradução inglesa)

Na aula de hoje, veremos exemplos do cinema de Porter; os planos de composição marcadamente pluridireccional e as manipulações de tempos no Couraçado Potiemkine (1925), de Eisenstein; as utopias futuristas e o modernismo "snob" de L'Inhumaine (1924), de Marcel L'Herbier (1890-1979).

Para mais informações, vejam-se os "posts" com o marcador "Cinema": com links para vários dos filmes citados (na íntegra ou em excerto).

Fotograma de L'Inhumaine (1924), de Marcel L'Herbier:

Noi vogliamo inneggiare all'uomo che tiene il volante, la cui asta ideale attraversa la Terra, lanciata a corsa, essa pure, sul circuito della sua orbita.
(Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), Manifesto del Futurismo, "Le Figaro", 20 de Fevereiro de 1909)

Proclamiamo l'assoluta e completa abolizione della linea finita e della statua chiusa. Spalanchiamo la figura e chiudiamo in essa l'ambiente. Proclamiamo che l'ambiente deve far parte del blocco plastico come un mondo a sé e con leggi proprie; che il marciapiede può salire sulla vostra tavola e che la vostra testa può attraversare la strada mentre tra una casa e l'altra la vostra lampada allaccia la sua ragnatela di raggi di gesso.
Umberto Boccioni (1882-1916), La Scultura Futurista, 11 de Abril de 1912

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2 Comments:

  • Obrigado pela dica. Vou tentar encontrar o filme em Madrid.

    By Anonymous Anónimo, at 15/3/07 22:47  

  • Não tem de quê. Já retirei a dica (do post) - vai passar a estar aqui: W. Ruttmann, Berlin: Die Simphonie der Großstadt (1927), na edição da Divisa, colecção "Orígenes del Cine".

    By Blogger otipodashistórias, at 16/3/07 14:22  

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